Ex-morador de rua autista ganha nome e documentos após decisão judicial, em Cascavel

Eduardo Galvão, de 30 anos, morou quatro anos na Casa Pop como um anônimo. Agora, o homem poderá ter acesso a benefícios sociais

Um ex-morador de rua autista de Cascavel, no oeste do Paraná, ganhou um nome e documentos depois de uma decisão judicial, proferida no mês passado. Eduardo Galvão, de 30 anos, passou quatro anos na Casa Pop como um anônimo.

Em junho de 2015, assistentes sociais o encontraram em um terreno vazio com febre e o levaram para o abrigo, onde ele vive até hoje. Eduardo foi diagnosticado com um tipo de autismo em que, apesar de entender o que os outros dizem, não fala nada.

"Hoje ele já nos dá a mão, dá um sorriso, ele atente todos os comandos. Ele ouve, mas não fala", explica a coordenadora da Casa Pop, Ana Paula Egewarth.

Ela conta que foi em busca de pistas que pudessem indicar a origem do rapaz e possíveis familiares, mas que mesmo com uma ampla divulgação não foi possível solucionar o mistério.

Sem informações sobre o passado, o abrigo deu início ao processo para que o homem ganhasse uma identidade e tivesse acesso a benefícios sociais.

Na decisão. a Justiça atestou que não era possível obter o Benefício de Prestação Continuada (BPC) porque o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) exige que na certidão conste ao menos a data de nascimento e um sobrenome.

Para tanto, o nome foi escolhido porque ele se parecia com outro homem que andava pelas ruas e se chamava Eduardo. O sobrenome Galvão surgiu de maneira aleatória, dado por uma assistente social. Já a data de nascimento foi estimada pela aparência do homem: 13 de julho de 1989.

"Ele entrou para o Cadastro Único e posteriormente a gente entrou com pedido de BPC. A partir desse momento, ele tem um prontuário da saúde, é um cidadão reconhecido e faz parte de todo o sistema. É o primeiro caso desse desde que estou aqui", diz a coordenadora.

Eduardo Galvão vai continuar morando na Casa Pop. Legalmente, ele passou a existir. Mas ainda há a busca para saber sobre o passado do homem. "É um mistério, porque todo cidadão nasceu de uma família", afirma Ana Paula.

 
 

Fonte G1 PR

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